sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Conhecendo as características individuais das crianças

Olá a todos!

Olhando nossos meninos, fica nítido a diferença de comportamento de cada um. Falando em coordenação motora, o Felipe com certeza se destaca na coordenação motora grossa (correr, subir escadas...), já o Gustavo tem a coordenação motora fina mais desenvolvida (pegar objetos pequenos em movimento de pinça com os dedinhos, pegar a caneta para rabiscar...). As diferenças também são perceptíveis quando pensamos em brincadeiras preferidas, visto que cada um se destaca em um tipo, o Felipe adora brincar com carrinhos e o Gustavo adora brinquedos de encaixe. É muito importante conhecer as características e as preferencias da criança com autismo, assim fica mais fácil direcionar as brincadeiras para que elas aconteçam de modo funcional, ou seja, o Felipe sempre gostou de carrinhos, mas ele ficava apenas lambendo e girando a rodinha do brinquedo, agora ele faz até um sonzinho imitando o motor, brinca andando em cima da gente (foi assim que consegui chamar a atenção dele para brincar com o carrinho e ao mesmo tempo interagir comigo), assim como anda com ele pelo chão e pelas paredes. O Gustavo também ficava apenas lambendo os brinquedos e jogando-os para o outro lado do portãozinho da área onde ficamos, ele não brincava de forma funcional, foi oferecendo diversos brinquedos, que percebemos que nos de encaixe conseguia prestar atenção no que fazíamos e depois reproduzia, assim como aqueles aramados, onde eles têm que fazer todo o percurso da peça. Perceber as características de cada um não significa que daremos apenas carrinhos para o Felipe e brinquedos de encaixe para o Gustavo, com isso valorizamos a importância de respeitar as diferenças de cada criança. Têm dias que apenas um deles aceita fazer as atividades que propomos, ontem mesmo, o Felipe ficou um bom tempo no escorregador, enquanto o Gustavo brincava num momento com o aramado, no outro correndo com uma coberta na cabeça (uma das brincadeiras prediletas dele também) e às vezes querendo apenas ficar perto de mim, depois o Felipe se cansou e mais tarde o Gustavo decidiu brincar de escorregar. Uma coisa que aprendi é que não adianta forçar nada, pois quando eles não estão interessados nas atividades, simplesmente não produzem, claro que não desistimos no primeiro sinal de desinteresse, um pouco de insistência faz muito bem, mas insistência não tem nada a ver com obrigar a executar qualquer atividade. Quando insistimos fazemos isso com muito carinho e mostramos que estamos nos divertindo fazendo o que é proposto, seja brincar na caixa sensorial, no tapete ou numa atividade de pintura, pois quando eles percebem nossa empolgação naturalmente chegam perto e assim vamos incluindo-os na atividade. A maioria das vezes esse interesse vem naturalmente, como dá para perceber no vídeo do tapete sensorial (Acesse aquil) ou da caixa sensorial (Acesse aqui), quando entramos com a atividade na área de brincar eles já param tudo o que estão fazendo e vêm participar, mas quando não fazem isso, abrimos mão dessa estratégia, ou seja, insistimos de forma natural. Outro ponto importante a ser destacado quando falamos na interação durante as atividades é sobre a persistência, mas esse será o assunto para outro post, senão este ficará muito extenso. Porém é essencial nunca se esquecer que cada criança tem um tempo de aprendizado muito diferente, hoje consegui alguns avanços com meus meninos, mas eles não aconteceram do dia para noite, exemplo disso é o beijinho que o Felipe me dá, foram pelo menos três meses persistindo até ele se acostumar e mesmo assim temos muito o que evoluir. O que também é muito importante salientar diz respeito à vontade de você participar, qualquer um de nós percebe quando uma pessoa não está disposta e com interesse de ficar perto ou interagir nas mesmas atividades que a gente, a criança não é diferente. Brincar com crianças típicas acaba por exigir demais do seu tempo e da sua criatividade, brincar com crianças com autismo, requer muito mais entrega e determinação, visto que eles não têm o desenvolvimento do lúdico como outras crianças, o entendimento também é prejudicado, visto que se eu peço pra eles pegarem um brinquedo qualquer, meus pequenos ainda não conseguem seguir a orientação. O que fazemos neste caso? Insistimos e principalmente acreditamos que eles irão conseguir realizar a tarefa, senão hoje, pode ser amanhã, pois ter paciência faz parte do processo de se chegar ao sucesso e como já citei antes, sucesso não tem nada a ver com ter uma criança típica, é ter uma criança que chegou no seu máximo porque recebeu todo apoio necessário. Espero que todos aproveitem para brincar muito com suas crianças, pois é disso que elas precisam! 




Autoria: Ana Paula Miranda

Nenhum comentário:

Postar um comentário