Olá a todos!
Olhando nossos meninos, fica nítido a
diferença de comportamento de cada um. Falando em coordenação motora, o Felipe
com certeza se destaca na coordenação motora grossa (correr, subir escadas...),
já o Gustavo tem a coordenação motora fina mais desenvolvida (pegar objetos
pequenos em movimento de pinça com os dedinhos, pegar a caneta para rabiscar...).
As diferenças também são perceptíveis quando pensamos em brincadeiras
preferidas, visto que cada um se destaca em um tipo, o Felipe adora brincar com
carrinhos e o Gustavo adora brinquedos de encaixe. É muito importante conhecer
as características e as preferencias da criança com autismo, assim fica mais
fácil direcionar as brincadeiras para que elas aconteçam de modo funcional, ou
seja, o Felipe sempre gostou de carrinhos, mas ele ficava apenas lambendo e
girando a rodinha do brinquedo, agora ele faz até um sonzinho imitando o motor,
brinca andando em cima da gente (foi assim que consegui chamar a atenção dele
para brincar com o carrinho e ao mesmo tempo interagir comigo), assim como anda
com ele pelo chão e pelas paredes. O Gustavo também ficava apenas
lambendo os brinquedos e jogando-os para o outro lado do portãozinho da área onde ficamos, ele não brincava de forma funcional, foi oferecendo diversos brinquedos, que
percebemos que nos de encaixe conseguia prestar atenção no que fazíamos e
depois reproduzia, assim como aqueles aramados, onde eles têm que fazer todo o percurso da peça. Perceber as características de
cada um não significa que daremos apenas carrinhos para o Felipe e brinquedos
de encaixe para o Gustavo, com isso valorizamos a importância de
respeitar as diferenças de cada criança. Têm dias que apenas um deles aceita fazer
as atividades que propomos, ontem mesmo, o Felipe ficou um bom tempo no
escorregador, enquanto o Gustavo brincava num momento com o aramado, no outro correndo com
uma coberta na cabeça (uma das brincadeiras prediletas dele também) e às vezes querendo apenas ficar perto de mim, depois o Felipe se cansou e mais tarde o
Gustavo decidiu brincar de escorregar. Uma coisa que aprendi é que não
adianta forçar nada, pois quando eles não estão interessados nas atividades,
simplesmente não produzem, claro que não desistimos no primeiro sinal de
desinteresse, um pouco de insistência faz muito bem, mas insistência não tem
nada a ver com obrigar a executar qualquer atividade. Quando insistimos fazemos
isso com muito carinho e mostramos que estamos nos divertindo fazendo o que é proposto, seja brincar na caixa sensorial, no tapete ou numa atividade de
pintura, pois quando eles percebem nossa empolgação naturalmente chegam perto e
assim vamos incluindo-os na atividade. A maioria das vezes esse
interesse vem naturalmente, como dá para perceber no vídeo do tapete sensorial (Acesse aquil) ou da caixa sensorial (Acesse aqui), quando entramos com a atividade na área de brincar eles
já param tudo o que estão fazendo e vêm participar, mas quando não fazem isso,
abrimos mão dessa estratégia, ou seja, insistimos de forma natural. Outro ponto importante a ser destacado quando
falamos na interação durante as atividades é sobre a persistência, mas esse
será o assunto para outro post, senão este ficará muito extenso. Porém é
essencial nunca se esquecer que cada criança tem um tempo de aprendizado muito
diferente, hoje consegui alguns avanços com meus meninos, mas eles não
aconteceram do dia para noite, exemplo disso é o beijinho que o Felipe me dá,
foram pelo menos três meses persistindo até ele se acostumar e mesmo assim
temos muito o que evoluir. O que também é muito importante salientar diz
respeito à vontade de você participar, qualquer um de nós percebe quando uma
pessoa não está disposta e com interesse de ficar perto ou interagir nas
mesmas atividades que a gente, a criança não é diferente. Brincar com crianças
típicas acaba por exigir demais do seu tempo e da sua criatividade,
brincar com crianças com autismo, requer muito mais entrega e determinação, visto
que eles não têm o desenvolvimento do lúdico como outras crianças, o
entendimento também é prejudicado, visto que se eu peço pra eles pegarem um
brinquedo qualquer, meus pequenos ainda não conseguem seguir a orientação. O que fazemos
neste caso? Insistimos e principalmente acreditamos que eles irão conseguir
realizar a tarefa, senão hoje, pode ser amanhã, pois ter paciência faz parte do
processo de se chegar ao sucesso e como já citei antes, sucesso não tem nada a ver com ter uma
criança típica, é ter uma criança que chegou no seu máximo porque recebeu todo apoio
necessário. Espero que todos aproveitem para brincar muito com suas crianças,
pois é disso que elas precisam!
Autoria: Ana Paula Miranda
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